set, 21 2024
Na manhã do dia 20 de setembro de 2024, um cenário de tensão e resistência tomou conta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A tropa de choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) invadiu o campus a mando da administração universitária, encabeçada por Gulnar Azevedo e Bruno Deusdará. A ação policial tinha como objetivo cumprir um mandado judicial de reintegração de posse, já que os estudantes estavam ocupando as instalações como forma de protesto. Essa ocupação era parte de uma campanha mais ampla por melhores condições e por uma governança universitária mais democrática.
A incursão policial foi recebida com imediata resistência por parte dos estudantes. Detentores de um espírito de luta e solidariedade, eles se organizaram rapidamente para defender seu direito de protesto e manter o controle do espaço que haviam tomado. O confronto físico, porém, não resultou em feridos entre os estudantes, que conseguiram resistir às táticas agressivas da polícia.
A ocupação da UERJ pelos estudantes não foi um ato impulsivo, mas sim a culminação de uma série de insatisfações e exigências que vinham sendo ignoradas pela administração da universidade. Os estudantes alegam que a gestão de Gulnar Azevedo e Bruno Deusdará tem sido caracterizada por decisões autoritárias e falta de diálogo com a comunidade acadêmica. Entre as principais reivindicações estavam melhores condições de infraestrutura, transparência na gestão dos recursos e a democratização dos processos de decisão dentro da universidade.
Os problemas de infraestrutura, como a falta de manutenção adequada dos prédios e a insuficiência de recursos para pesquisa e ensino, têm sido uma preocupação constante. Em várias ocasiões, a comunidade estudantil relatou situações de salas de aula precárias, laboratórios mal equipados e bibliotecas com acervos desatualizados. Essas condições comprometem a qualidade do ensino e afetam diretamente a formação dos estudantes.
Diante desse cenário de contínuas reivindicações, a administração universitária optou por solicitar uma ordem judicial de reintegração de posse, levando à invasão policial. Essa decisão foi vista pelos estudantes como uma tentativa de silenciamento e repressão, e não como uma solução para os problemas estruturais da universidade.
A ação da PMERJ foi amplamente criticada tanto pelos estudantes quanto por diversos setores da sociedade civil. A violência policial contra manifestações de estudantes é um tópico sensível e frequentemente debatido no Brasil, onde movimentos estudantis têm uma longa história de resistência e luta por direitos. A resposta das forças de segurança, muitas vezes desproporcional, gera debates sobre os limites da atuação policial em contextos de protesto e ocupação.
A resistência dos estudantes da UERJ ganhou destaque imediato nas redes sociais e recebeu demonstrações de solidariedade de diversas entidades, incluindo sindicatos, organizações de direitos humanos e outros movimentos estudantis em todo o país. A hashtag #ResistênciaUERJ tornou-se um dos tópicos mais comentados no Twitter, mostrando a repercussão e o apoio que os estudantes conseguiram angariar.
A reação da sociedade evidenciada nas redes sociais foi um misto de indignação pelas ações da polícia e de admiração pela coragem dos estudantes. Várias personalidades públicas, acadêmicos e políticos se manifestaram em defesa dos direitos dos jovens de protestar e das suas demandas por uma educação de qualidade.
Além disso, a invasão policial revelou as tensões latentes dentro da própria universidade. Muitos professores e funcionários se alinharam com os estudantes, criticando a administração por sua falta de diálogo e por recorrer a medidas extremas. Para esses membros da comunidade acadêmica, a repressão policial não resolve os problemas estruturais da UERJ, apenas os agrava.
O sucesso da resistência estudantil no dia 20 de setembro é um marco importante na luta por direitos dentro da UERJ, mas também levanta questões sobre os próximos passos. A gestão da universidade precisará reconsiderar sua abordagem e abrir canais de diálogo genuínos com a comunidade estudantil para evitar novas crises. Este episódio deixa claro que a tentativa de resolver conflitos por meio da repressão só aumenta a resistência e a indignação.
Os estudantes agora enfrentam o desafio de continuar sua luta por melhorias e por uma governança mais participativa. A capacidade demonstrada em resistir a uma invasão policial serve de exemplo e inspiração para outros movimentos estudantis no Brasil e sempre que direitos são ameaçados.
Com isso, fica evidente a importância de se buscar soluções que envolvam todos os setores da universidade, garantindo que a voz dos estudantes seja ouvida e respeitada. Afinal, a universidade é um espaço de formação crítica onde o diálogo e a construção coletiva são ferramentas essenciais para a transformação social.