No mundo do futebol, a linha entre a rivalidade saudável e a falta de respeito pode ser tênue. Recentemente, Reinaldo, ex-jogador e figura respeitada no esporte, colocou essa questão sob os holofotes ao criticar abertamente a conduta de Deyverson, jogador atualmente em atividade, em relação a Igor, uma jovem promessa do Grêmio. A declaração de Reinaldo talvez venha sobretudo de alguém que vivenciou de perto as dificuldades e vitórias do futebol brasileiro, destacando-se pela capacidade de discernir o profissionalismo da zombaria.
Em suas palavras, "Igor será maior que ele", Reinaldo insinuou que Deyverson, para além de suas capacidades atléticas, falhou em um dos aspectos mais essenciais da carreira de um esportista: o respeito. O esporte não se limita às quatro linhas do campo, mas se estende às atitudes, ao tratamento dispensado aos colegas e ao esforço como exemplo para gerações futuras. Num país apaixonado por futebol, os jogadores não são apenas atletas; são símbolos, ídolos, professores informais em um campo gigante.
A crítica de Reinaldo aponta para um dilema que tem permeado o futebol brasileiro nos últimos anos. Jogadores experientes, que deveriam pavimentar o caminho de respeito e profissionalismo, por vezes se esquecem de sua posição de influência. Ao invés de motivarem e guiarem os mais jovens, comportamentos inadequados de alguns acabam por corroer a imagem robusta do que significa ser um profissional nesse campo.
Com esta declaração, Reinaldo relembra a todos a importância do gesto, do exemplo. Um jogador talentoso nem sempre significa um jogador completo, e a completude vem também das atitudes fora do campo. Igor, que recebeu apoio verbal e público de uma figura como Reinaldo, agora pode sentir-se encorajado a seguir adiante, a focar em melhorar suas habilidades enquanto repensa o que significa ser grande no futebol, não apenas em números, mas como modelo de conduta.
Essa situação também levanta questões sobre a formação de caráter dentro dos clubes. Que tipo de incentivo ou treinos são oferecidos não somente para maximizar habilidades atléticas, mas para garantir que os atletas saem dos clubes preparados para interações assertivas e respeitosas com os demais? E, além disso, o papel da mídia é crucial – ao centrar holofotes nos exemplos positivos, pode influenciar o público e os próprios atletas sobre o que realmente importa no esporte.
No contexto atual, o esporte precisa de ídolos que elevem o jogo, que inspirem pelo exemplo. Quando as gerações futuras olham para seus ídolos, deveriam ver mais que um talento nas pernas, deveriam ver generosidade, profissionalismo, respeito. É necessário que as atitudes de campo reverberem fora dele, e que os erros sirvam de aprendizagem, não de repetição eterna dos comportamentos indesejáveis.
Assim, a fala de Reinaldo ressoou não apenas como uma crítica, mas também como um pedido. Que o futebol, enquanto primeira infância da maioria dos jovens brasileiros, seja também sala de aula, lição, aprendizado. Que os jovens tenham em suas estrelas o brilho de homem/mulher íntegro(a) que lutou, conseguiu, mas nunca desistiu de mostrar aos outros o caminho certo.
Deyverson tem uma escolha a fazer, assim como todos nós. Ser apenas uma estrela em alta ou ser uma constelação de valores e virtudes. E mais do que nunca, o futebol precisa urgentemente da segunda opção.