Em um movimento estratégico para melhorar sua saúde financeira, a Ambipar Participações e Empreendimentos S.A. (ticker AMBP3 na B3) divulgou que pretende captar até R$ 3 bilhões por meio da sétima série de debênture simples. A oferta será dividida em duas séries, ambas respaldadas por garantia da Environmental ESG Participações S.A., e deverá ser coordenada por um banco de investimento ainda em negociação.
Detalhes da emissão de debêntures
O principal objetivo da operação é o refinanciamento de dívidas já existentes. A maior parte dos recursos será usada para quitar antecipadamente notas emitidas na sexta debênture da Ambipar (código AMBP16) e na terceira debênture da ESG (código EESG13). O pagamento será feito ao valor de face acrescido de um prêmio, proporcionando aos investidores um retorno imediato.
Além disso, parte do capital levantado será destinada a simplificar e fortalecer a estrutura de capital da empresa, reduzindo a complexidade das obrigações e preparando o terreno para futuros investimentos. A Ambipar tem buscado melhorar seu perfil de vencimentos, reduzindo a alavancagem e ajustando o mix de dívida de curto e longo prazo.
Até o momento, a empresa não divulgou as condições definitivas de preço ou datas de vencimento das novas debêntures. Esses detalhes deverão aparecer no prospecto oficial e nos avisos ao mercado assim que o processo de distribuição for iniciado.
Cenário de governança e avaliações de risco
O anúncio chega em meio a mudanças na liderança financeira da Ambipar. Ricardo Rosanova Garcío assumiu simultaneamente os cargos de CFO e IRO, substituindo João Daniel Piran de Arruda e Pedro Borges Pedersen. Este último está sob investigação da CVM por supostas irregularidades no programa de recompra de ações realizado no início do ano.
As agências de classificação de risco enviam sinais divergentes. Em setembro, a Fitch Ratings rebaixou o outlook da dívida local da Ambipar para "negativo", citando preocupações com governança corporativa que podem elevar os custos de captação. O rating, porém, permanece em BB-.
Já a S&P Global Ratings, em janeiro de 2025, revisou o outlook para "positivo", apontando que a empresa tem conseguido desendividar mais rápido graças à redução de investimentos e aquisições, além de focar na otimização dos ativos já existentes. A agência prevê que o nível de alavancagem pode ser reduzido pela metade com a conclusão das iniciativas estratégicas em curso.
Historicamente, a Ambipar já havia emitido debêntures no mercado nacional em maio de 2024 e, mais recentemente, arrecadou US$ 400 milhões em títulos internacionais em janeiro de 2025. Essas movimentações reforçam a estratégia de diversificar as fontes de financiamento e melhorar o perfil de vencimentos da dívida.
Analistas do setor veem a nova emissão como um passo necessário para limpar o balanço e preparar a empresa para um cenário de crescimento mais estável. A expectativa é que a redução da alavancagem melhore a percepção de risco dos investidores, possibilitando custos de captação mais baixos nos próximos anos.
O mercado acompanha de perto a composição da nova oferta, especialmente a parte garantida pela ESG, que agrega segurança adicional ao investimento. Caso a emissão seja bem recebida, a Ambipar poderá avançar com outras iniciativas estratégicas, como a expansão de serviços ambientais e o fortalecimento de sua presença internacional.
