Morte de Cristina Buarque comove fãs e Chico presta homenagem com vídeo raro

abr, 21 2025

Perda de Cristina Buarque, uma guardiã dos segredos da música brasileira

A notícia da morte de Cristina Buarque não bateu apenas na porta dos fãs da família Buarque de Holanda; ela sacudiu o coração de quem respira música brasileira. Irmã caçula de Chico Buarque, Cristina partiu neste 20 de abril de 2025, aos 74 anos, deixando uma lacuna enorme na história cultural do país. Apesar de ter nascido em uma família de estrelas – filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e da pianista Maria Amélia – Cristina seguiu caminhos bem diferentes dos irmãos, fugindo da fama e preferindo viver à margem dos holofotes.

Cris, como era chamada pelos íntimos, sempre se manteve mais perto do anonimato que do estrelato. Enquanto Chico, Miúcha e Ana de Hollanda arrastavam multidões, ela fazia o contrário: mergulhava fundo nos arquivos da música brasileira, caçando verdadeiras relíquias que quase ninguém conhecia. Para ela, o papel da música estava menos no brilho do palco e mais na preservação da memória e na beleza do ‘coro’, como seu filho, Zeca Ferreira, lembrou em um texto emocionante. Zeca fez questão de frisar que a mãe nunca ligou para a fama fácil ou para glórias passageiros: ela era movida pela integridade e guiada pela paixão de tirar do esquecimento canções que mereciam uma segunda chance.

Uma despedida silenciosa, um legado duradouro

Uma despedida silenciosa, um legado duradouro

O tributo de Chico Buarque foi direto ao ponto – e, por isso mesmo, tocante. Nas redes sociais, ele postou um vídeo antigo dos dois cantando juntos Sem Fantasia, de 1968. Só escreveu: 'Cristina'. O impacto foi imediato. Fãs e colegas lotaram os comentários de mensagens de carinho, relembrando a importância de Cristina e reconhecendo sua generosidade artística. O vídeo resgatou um daqueles instantes raros em que a magia da música supera a timidez dos envolvidos. Era o irmão declarando amor à irmã, com toda a simplicidade que ela prezava tanto.

Cristina, nos bastidores, fazia questão de se proteger dos holofotes. Quem a conheceu diz que ela era fã da Ilha de Paquetá, no Rio, onde montou seu refúgio longe da correria carioca. Foi de lá que lutou uma batalha silenciosa contra o câncer, preferindo receber poucos amigos e familiares, sempre protegida do barulho da fama.

O nome de Cristina Buarque pode não ser o mais lembrado nas listas de hits ou nos palcos lotados, mas sua assinatura está cravada em álbuns históricos, rodas de samba, e gravações que só quem realmente ama música conhece. Desde nova, ela foi referência para colegas de geração – muitos que hoje são ícones gravaram ao seu lado nas rodas de samba cariocas, mas Cristina seguia avessa à badalação.

O histórico da família impressiona: além de Chico, Miúcha (voz inesquecível da MPB) e Ana de Hollanda (também cantora e ex-ministra da Cultura), Cristina era peça-chave dessa engrenagem criativa e afetiva. Nos anos 60, Chico já havia homenageado a irmã com o samba Será que Cristina volta?, mostrando que o elo entre eles ia muito além da música: era uma parceria de vida inteira, feita de respeito, humor e cumplicidade.

A morte de Cristina movimentou homenagens de fãs que entenderam, mesmo à distância, o valor daquelas pessoas que escolhem o coro ao solo – e que, por isso mesmo, fazem a diferença. Seu legado é um convite a todos os apaixonados por cultura: olhar com mais carinho para quem trabalha nos bastidores, sem plateia nem aplauso fácil, mas com uma contribuição que permanece silenciosa e poderosa à arte brasileira.